Na cerimónia realizada ontem, 3 de dezembro, no Palácio Real de Amsterdão, o cineasta guineense Sana Na N'Hada foi agraciado com o Prémio Prince Claus Impact 2024, uma das maiores honrarias destinadas a agentes de mudança com impacto cultural e social nas suas comunidades. O evento contou com a presença de Sua Alteza Real, o Príncipe Constantijn, o presidente do júri Pablo León de la Barra, e o diretor executivo do Prince Claus Fund, Marcus Desando.

Reconhecido pela sua longa e influente carreira no cinema, Sana Na N'Hada destacou-se por narrar as lutas históricas e sociais da Guiné-Bissau. Desde os anos 1970, a sua filmografia tem sido um marco para a preservação da memória coletiva e a construção de um cinema comprometido com a justiça social e a identidade cultural do país.

 

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Foto: Frank van Beek

Formado em cinema em Cuba, Sana foi pioneiro na fundação do Instituto Nacional de Cinema (INCA) da Guiné-Bissau em 1972. Durante a guerra pela independência, integrou o exército revolucionário de Amílcar Cabral e começou a documentar as transformações vividas pelo país. Ao longo de mais de quatro décadas, os seus filmes evocativos, como O Regresso de Amílcar Cabral (1976), Xime (1994) e Nome (2023), destacaram-se por capturar e desafiar o clima cultural, intelectual, moral e político do contexto guineense.

Sana também é cofundador da Mediateca Onshore, criada em colaboração com a artista portuguesa Filipa César, o artista guineense Marinho de Pina, o cineasta Suleimane Biai, entre outros. Este centro cultural, localizado em Malafo, na Guiné-Bissau, preserva a história do cinema militante do país, promovendo a justiça social, económica e ambiental.

O Prémio Prince Claus Impact 2024 consolida Sana Na N'Hada como uma referência global na interseção entre arte, memória e transformação social, destacando o papel crucial do cinema na construção de novas narrativas e no fortalecimento cultural.

Parabéns, Sana Na N'Hada, pela sua extraordinária contribuição ao cinema e à história da Guiné-Bissau!

A Equipa da CCGB

 

O filme "Espiral em Ressonância", realizado por Filipa César e Marinho de Pina, foi o grande vencedor do Prémio Cinema Falado, atribuído pela Sociedade Portuguesa de Autores, na 11.ª edição do festival Porto/Post/Doc. A cerimónia de entrega de prémios decorreu no  Batalha Centro de Cinema, na tarde deste sábado (30/11), e marcou o encerramento oficial do evento.

Dedicado a obras que exploram temáticas relacionadas com a diáspora portuguesa, o prémio foi atribuído por um júri composto por Ana Cristina Pereira, Catherine Bizern e Juliette Canon. Os jurados destacaram o filme pela sua capacidade de estabelecer “uma ponte entre um período de fervor militante e o presente”, bem como pelo mérito de “promover a partilha e a transmissão de conhecimento”.

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"Espiral em Ressonância" teve a sua estreia mundial no Festival de Berlim e foi também exibido no Doclisboa, antes de alcançar sucesso junto ao público e crítica no Porto/Post/Doc. A longa-metragem regista a criação da Mediateca Onshore na aldeia guineense de Malafo, um centro cultural comunitário que preserva e celebra a memória das lutas pela independência da Guiné-Bissau.

O filme distingue-se pelo modo sensível e reflexivo como articula história, memória e contemporaneidade, sublinhando o papel da cultura como instrumento de resistência e transformação social. Mais do que uma obra cinematográfica, "Espiral em Ressonância" é um testemunho vibrante da importância da memória coletiva e da transmissão intergeracional de conhecimentos.

Ao galardoar esta obra, o Porto/Post/Doc reafirma o seu compromisso em reconhecer e valorizar filmes que transcendem barreiras geográficas e culturais, promovendo o cinema como uma ferramenta de impacto social e comunitário.

 

No dia 25 de novembro, a Fundação MoAC Biss – Mostra de Arte e Cultura da Guiné-Bissau –, dedicada à promoção das artes plásticas, performativas, cénicas, literatura, dança, música e políticas culturais da Guiné-Bissau, lançou oficialmente o seu website (https://bienalmoacbiss.org) numa emissão especial transmitida pela RDP África.

O evento contou com a presença dos membros fundadores como o sociólogo e ativista Miguel de Barros, a curadora e professora Zaida Pereira, o ator e cineasta Welket Bungué, o sociólogo António Spencer Embaló e o artista visual Nú Barreto, que participaram de uma conversa moderada por Nuno Sardinha. Apesar da ausência física da cantora Karyna Gomes e do sociólogo Mamadu Alimo Djalo, ambos também fundadores, estes expressaram total apoio ao lançamento e destacaram a relevância da iniciativa para a promoção da arte guineense.

Um Marco para a Cultura Guineense

O lançamento do site marca um passo decisivo na missão da Fundação MoAC Biss de conectar artistas guineenses e divulgar a riqueza cultural e artística do país para uma audiência global. Durante a emissão, foi destacada a Bienal MoAC Biss, um dos principais projetos da Fundação, que se consolida como uma plataforma para a exposição de obras de artistas emergentes e estabelecidos, fomentando também debates sobre arte, memória e identidade no contexto guineense.

Debate: Desafios e Perspetivas

No painel, foram abordados temas cruciais como os desafios enfrentados pelos artistas guineenses na diáspora, o papel transformador da arte e as perspetivas futuras para a Bienal. O artista Nú Barreto enfatizou a importância de iniciativas como a MoAC Biss para criar redes de apoio e colaboração entre criadores, enquanto Miguel de Barros destacou o potencial da arte como ferramenta de resistência e diálogo intercultural.

Um Espaço Digital para a Cultura

O novo site da Fundação oferece uma plataforma interativa para divulgar as suas iniciativas, apresentar trabalhos de artistas participantes e envolver a comunidade global em conversas sobre cultura e arte guineenses. Além disso, o portal reúne informações sobre exposições, debates e eventos futuros, consolidando-se como um canal essencial para a promoção e o intercâmbio cultural.

Compromisso com o Futuro da Cultura Guineense

Com esta iniciativa, a Fundação MoAC Biss reafirma o seu compromisso em valorizar o património cultural da Guiné-Bissau, fortalecendo as pontes entre as comunidades locais e internacionais e garantindo a maior visibilidade ao país no cenário artístico global.

Descubra mais sobre o projeto no site oficial: https://bienalmoacbiss.org.

A Equipa da CCGB

 

Na sexta-feira, 22 de novembro, o Centro Cultural Franco-Bissau-Guineense (CCFBG) foi palco de uma importante celebração cultural: a exibição de excertos do documentário "Sou Um Simples Africano", em celebração dos 100 anos do nascimento de Amílcar Cabral. O filme, ainda em fase de montagem, é uma obra conjunta de Flora Gomes, Sana N’Hada e Suleimane Biai – três dos mais destacados cineastas guineenses e figuras centrais no registro histórico da Luta pela Independência da Guiné-Bissau e Cabo Verde.

O documentário lança um olhar profundo sobre a figura de Amílcar Cabral, destacando a forma como o líder preparou e liderou a luta pela independência, não apenas contribuindo para a libertação dos povos da Guiné-Bissau e Cabo Verde, mas também influenciando a queda da ditadura em Portugal. Os realizadores, que viveram e testemunharam a luta de libertação, trazem à tona um relato íntimo e poderoso da história, reavivando a memória de um dos mais importantes líderes do século XX.

emociona o publico em exibicao no CCFBG

A sessão, realizada no anfiteatro do CCFBG, contou com a presença de uma audiência entusiasta, incluindo amantes de cinema, familiares, amigos e admiradores de Cabral. O público, profundamente emocionado, participou ativamente no final da exibição, com intervenções que incluíram sugestões, palavras de gratidão e encorajamento aos realizadores.

Este documentário promete ser um marco para a preservação da memória coletiva e um tributo inestimável ao legado cultural, político e histórico de Amílcar Cabral. Uma obra que engrandece a história do cinema e reforça a importância da identidade cultural guineense.

A Equipa da CCGB

Teve início na última Sexta-feira, dia 1 de novembro de 2024, a segunda edição do Festival Bienal Afro-Portugal em Coimbra, com uma programação rica e diversificada. O festival, realizado de dois em dois anos, destaca artistas africanos/as e afrodescendentes, abrangendo várias expressões artísticas como teatro, música, literatura, cinema, performance, artes visuais, artes sonoras e digitais. Além disso, inclui uma feira do livro, sessões para a infância e atividades formativas para escolas, ensino superior e pós-graduado.

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Durante 15 dias, diversos espaços culturais e académicos de Coimbra serão palco de eventos que integram esta programação multidisciplinar. O dia de abertura do festival contou com o debate “As Identidades são um Banquete Móvel”, realizado no Café do Teatro Académico de Gil Vicente (TAGV). Este debate, focado na questão da “identidade na pós-modernidade”, foi moderado por Paula Machava, doutoranda na Universidade de Coimbra, e contou com as participações de Xullaji (músico), Yara Nakahanda Monteiro (escritora), Madalena Bindzi e Maria Lobo (mestrandas na Universidade de Coimbra).

Ainda no primeiro dia, foi inaugurada a exposição de artes visuais “Novos Territórios”, na Casa da Esquina, animada pelo DJ 808xez, e foi apresentada a instalação itinerante “Varal Digital Itinerante – Poemas de Yara Nakahanda Monteiro”, que estará em exibição até 15 de novembro.

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Para o segundo dia do festival, destacaram-se a sessão “Inventando Griots” — uma oficina e sessão de histórias com o Coletivo Cont(estas)tórias, liderada por Cláudia Rocha e Marinho Pina — e a conversa com escritores “Inventando Mundos”, moderada por Doris Wiser, docente da Universidade de Coimbra, com a participação de Yara Nakahanda Monteiro, Telma Tvon e Amadu Dafé. O dia encerra com o espetáculo musical “Kanhon di Boka”, com o artista Prétu, no Teatro da Cerca de São Bernardo.

O festival segue com sessões de cinema, teatro, palestras, performances, colóquios, debates e exposições, culminando numa feira do livro, (consultar aqui). As artes e a literatura guineenses estão representadas no evento através das participações do escritor Amadu Dafé; do artista plástico Helénio Mendes, que participa numa exposição coletiva de artes visuais, além de dirigir uma oficina de grafitti; do performer e escritor Marinho Pina e do djidiu Demba Djabate. No cinema de temática guineense, os destaques vão para as exibições de “Skola di Tarafe”, de Filipa César e Sónia Vaz Borges, e “Fogo no Lodo”, de Catarina Laranjeiro e Daniel Barroca.

A primeira edição do Festival Afro-Portugal, em novembro de 2022, intitulada “Contas de Torna-Viagem”, refletiu sobre a memória colonial portuguesa, o racismo e a visibilidade das artes negras. Na edição atual, o foco está na exploração das complexidades dos movimentos de memória e na circulação de identidades, e na imaginação de futuros através das artes negras e aborda temas como anegritude e afrodescendência.

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O Festival Afro-Portugal é coproduzido pelo Teatro da Cerca de São Bernardo/Escola da Noite e pelo Teatro Académico de Gil Vicente, com curadoria de Catarina Martins (investigadora e docente na Universidade de Coimbra), Hamilton Francisco (Babu) (artista plástico angolano), Madalena Bindzi (estudante de História da Arte), Marinho Pina (arquiteto e performer guineense) e Yara Nakahanda Monteiro (escritora angolana). O evento conta com o apoio de diversas instituições, incluindo a Cena Lusófona, Casa da Esquina, Casa da Cultura da Guiné-Bissau, Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra e Centro de Arqueologia e Artes da Universidade de Coimbra.

 

A Equipa da CCGB

A conferência internacional “O Nascimento (em Imagens) das Nações Africanas: Média e Descolonizações”, realizada em Lisboa no dia 9 de outubro, contou com a participação do cineasta guineense Flora Gomes numa conversa com o sociólogo Miguel de Barros. O evento, promovido em colaboração com o ICNOVA-FCSH, a Escola das Artes (UAL), o Hangar e com o apoio da Cinemateca Portuguesa, destacou o percurso de Flora Gomes, o mais conhecido dos realizadores guineenses, e os desafios enfrentados na produção do seu novo documentário em parceria com Sana Na H’ada e Suleimane Biai sobre Amílcar Cabral, figura central na sua obra cinematográfica.

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Durante a conversa, Flora Gomes refletiu sobre o seu percurso no cinema, iniciado após a independência da Guiné-Bissau, e sobre as dificuldades que sempre enfrentou ao tentar contar as histórias do seu país, ainda desprovido de salas comerciais de projeção. Com especial enfoque no mais recente projeto, um documentário sobre Amílcar Cabral, que está em produção há mais de 10 anos, sem qualquer financiamento oficial, Flora Gomes sublinhou o grande desafio de documentar a vida e o legado de Cabral, uma figura que transcende a Guiné-Bissau e representa a luta pela libertação em toda a África.

Formado em cinema em Cuba e no Senegal, Flora Gomes revelou que a presença de Amílcar Cabral percorre toda a sua obra cinematográfica, desde a sua primeira longa-metragem, Mortu Nega (1987), que aborda a luta pela independência da Guiné-Bissau, até os seus filmes mais recentes. Títulos como Udjus azul di Yonta (1992), Po di Sangui (1996), Nha Fala (2002) e República di Mininus (2013) são exemplos do seu compromisso com temas de resistência, resiliência e o sonho de um futuro melhor, características centrais das suas narrativas. Em 2000, Flora Gomes foi agraciado em França com o título de Chevalier des Arts et des Lettres e já foi premiado em prestigiados festivais internacionais, como os de Veneza, Cannes e FESPACO.

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Miguel de Barros elogiou a capacidade de Flora Gomes de utilizar o cinema como uma ferramenta de transformação social e preservação da memória coletiva da Guiné-Bissau, destacando o impacto da sua obra na construção de uma identidade contra-colonial. O sociólogo realçou ainda o papel essencial de Cabral, um ícone que atravessa gerações e está profundamente enraizado na cinematografia de Gomes.

A conversa do dia 9 antecedeu a sessão de cinema realizada a 10 de outubro na Cinemateca Portuguesa, onde foram exibidos três filmes históricos: Maputo (1977), Reconstrução, Educação (1977), co-realizado por Flora Gomes, e Nô Pintcha (1979). O crítico Luca Peretti introduziu as exibições, contextualizando-as no cinema de descolonização e destacando a importância de Flora Gomes como uma voz fundamental no cinema africano.

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Após a sessão de cinema, realizou-se a apresentação do livro O Cineasta Visionário, na Livraria Linha de Sombra (Cinemateca), por Miguel de Barros, organizador do livro. A obra celebra a vida e a carreira de Flora Gomes, reafirmando o seu papel central na preservação da memória histórica e no cinema de libertação africano.

 

No dia 12 de outubro de 2024, o Coliseu dos Recreios em Lisboa será palco de uma noite inesquecível, dedicada à tradição da cultura Mandjuandadi da Guiné-Bissau. Organizado pela Marimba, com o apoio do PROCULTURA, este evento irá destacar o papel essencial dos grupos Mandjuandadi, coletivos culturais compostos principalmente por mulheres que se expressam através da música e dança, e que contribuem para a preservação e fortalecimento das tradições culturais guineenses.

A noite será marcada pela atuação de alguns dos maiores artistas contemporâneos da Guiné-Bissau. Patche Di Rima, uma das vozes mais influentes do país, liderará o espetáculo, acompanhado por : Jery Bidan, Eneida Marta, Iva & Ichi, Ammy Injai, Mamba Negra, Memu Sunhu, Rei Hélder, Big Carlos, Andoé Nanque, El Matchonis e Netos di Bandim. Estes talentosos músicos irão fundir ritmos tradicionais e modernos, proporcionando ao público uma experiência musical rica e envolvente, que destaca a herança e a inovação cultural guineense.

Concerto de Patche Di Rima e Artistas Guineenses no Coliseu dos Recreios

Promovido pela Marimba, o concerto conta com o apoio do PROCULTURA, um projeto financiado pela União Europeia e cofinanciado pelo Camões I.P.. Este projeto integra o programa PALOP-TL e UE, e visa apoiar a criação de emprego e o desenvolvimento do setor cultural nos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) e Timor-Leste, incentivando atividades que gerem rendimento no setor cultural.

Os bilhetes para este concerto já estão à venda. Não perca esta oportunidade de celebrar a cultura guineense numa noite de música e dança que ficará para a história!
Garanta o seu lugar através do link: Marimba Apresenta Cultura Mandjuandadi.

Data: 12 de outubro de 2024
Local: Coliseu dos Recreios, Lisboa
Horário: 21h

Venha celebrar a força e a beleza da cultura Mandjuandadi com grandes nomes da música guineense!

Iniciativa: CCGB – Casa da Cultura da Guiné-Bissau

Enquadramento: Comemoração do Centenário de Amílcar Cabral

Curadoria: Catarina Laranjeiro e Marinho Pina

Local: Casa do Comum (R. da Rosa 285, 1200-385 Bairro Alto – Lisboa)

Datas: 25, 28 e 29 de setembro

 

Sinopse

“N’tchanha, N’tchanha, silo be minto”. É N’tchanha quem faz os melhores potes, é ela quem faz aquele pote com a melhor água, a água capaz de esfriar o peito, realizar esperanças, regar sonhos e deixar espaço para a sabura da vida. Há muito tempo que se luta à procura de N’tchanha na Guiné-Bissau, com muitas armas e muitas ferramentas, algumas das quais: contos, cantos, adivinhas, poesias, provérbios, músicas, ritmos, danças, teatro e, também, cinema.

Celebrando o centenário de Amílcar Cabral, a Casa da Cultura da Guiné-Bissau propõe um ciclo de cinema para traçar os “Caminhos de N’tchanha”, da colónia à independência, estendendo-se às diásporas.

Partindo do filme O Regresso de Cabral (1978), Marinho Pina convidará os espectadores a descobrir as diferenças nos filmes protagonizados por dois Rebelos de Sousa, deixando no ar, a música e o carisma de Djeni di Rima. Nos filmes de propaganda, onde líderes de diferentes tempos chamam o povo às ruas, encontramos continuidades onde se imaginariam ruturas.

Na segunda sessão, celebraremos a Luta de Libertação e a Independência. Num primeiro registo, Cabral, hábil diplomata, é o anfitrião de uma exposição sobre as atividades sociais e militares do PAIGC, para diferentes embaixadores, e representantes internacionais. Nos filmes do imediato pós-independência, o líder do PAIGC é a omnipresente memória. Por fim, um filme sobre as consequências da ofensiva colonial e do exílio das populações durante a guerra, no cultivo dos campos de arroz.

A terceira sessão é dedicada aos realizadores que, filmando a Guiné-Bissau contemporânea, no continente e nas diásporas, trabalham sobre legados coloniais e não coloniais, ainda não superados. A educação, as vontades e os destinos dos jovens guineenses entre trânsitos, são aqui chamados a debate, numa sessão que contará com a presença de vários realizadores, e que terminará na pista de dança.

Finalmente, a quarta sessão é para toda a família. Começaremos com um filme pós-independência, de Sana Na N´Hada, um dos pioneiros do cinema guineense, censurado pelo governo de então, por mostrar uma Guiné-Bissau, aparentemente, não mostrável. Segue-se uma obra realizada à margem do cinema institucional, no bairro de Cuntum, em Bissau. Terminaremos com o mais recente sucesso do cinema guineense, realizado pelo coletivo Ami ku nha Sunhu, um grupo de jovens também que carregam o sonho de encontrar o “Caminho de N’tchana”. O Djumbai final será acompanhado por um “kume-kume”.

Programa

  1. 25 de setembro, 17h00

I Sessão

Com intervenções de abertura e comentários intercalares

Duração da sessão: 92’

  1. 28 de setembro, 21h00

II Sessão

Seguida de Animação de DJ Boris, que tocará músicas africanas até às 2h.

Duração: 78’

  1. 29 de setembro, 11h30

III Sessão – voltada para as famílias

Seguida de Kume-Kume

Kume-Kume é um jogo de solidariedade e de cuidado, praticado por crianças, em que todas levam alguma comida, independentemente da quantidade. A expressão "memu kabas ta bentia mama", significa precisamente que partilhar comida fortalece a fraternidade. Vem brincar connosco! Traz a tua comida para aquecer o corpo e leva amor para tchiquinir a alma.

Duração: 101’

Iniciativa: CCGB – Casa da Cultura da Guiné-Bissau

Lema: Cultura – fator de libertação e de construção do progresso

Parceiros: Associação Amílcar Cabral (AAC), Associação de Estudantes da Guiné-Bissau em Lisboa (AEGBL), Centro de Intervenção para o Desenvolvimento Amílcar Cabral (CIDAC), Clube Amor à Leitura (CAL), Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas (DGLAB), Falas Afrikanas, Grupo Cultural Netos de Bandim, TuduTicket

Local: Torre do Tombo, Cidade Universitária, Lisboa

Data: 27 de Setembro

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PROGRAMA

** Exposição documental sobre Amílcar Cabral e a cultura (CIDAC)

** Banca de livros aberta durante o evento, com autores guineenses e africanos (Falas Afikanas)

09:00 – Chegada dos membros da comissão organizadora

09:30-10:00 – Acolhimento

Abertura do evento

10:00 -10:30

Recital de poemas de Amílcar Cabral: Clube Amor à Leitura (CAL)

Intervenções:

DGLAB (por confirmar)

Presidente do CIDAC – Cristina Cruz

Diretora da CCGB – Rita Ié

Comissão organizadora – Sumaila Jaló

Painel I

10:30-11:00

Moderadora: Samantha S. Sarr (CCGB – Casa da Cultura da Guiné-Bissau)

CONFERÊNCIA DE ABERTURA: “A influência de Cabral na poesia da Guiné-Bissau” | Érica Cristina Bispo (Instituto Federal do Rio de Janeiro - IFRJ)

11:00-11:30Pausa café

Painel II

11:30-12:45

Moderadora: Isaiete Jabula (Centro Interdisciplinar de Ciências Sociais da UNL)

Tema: “Cultura no pensamento e ação de Amílcar Cabral”

Amílcar Cabral (1924-2024): reflexões em torno do seu pensamento e da sua ação no centenário do seu nascimento | Julião Soares Sousa (Centro de Estudos Interdisciplinares da Universidade de Coimbra – CEIS20)

Mulheres, Nação e Lutas na Guiné-Bissau | Sílvia Roque (Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra – CES-UC)

Cultura, imaginação histórica e políticas de libertação | Víctor Barros (Instituto de História Contemporânea da Universidade Nova de Lisboa – IHC-UNL)

Painel III

12:45-13:45

Moderador: Ronaldo Mendes (CCGB – Casa da Cultura da Guiné-Bissau)

Roda de conversa: “Produção cultural, democratização e construção de progresso: um diálogo militante com Amílcar Cabral”

Kumpaku Bua Pogha (UPRG Cassacá-64) e Yussef (Movimento Africano de Estudantes e Trabalhadores – RGB)

13:45-15:00Almoço (livre)

Painel IV

15:00-16:15

Moderador: Stéphane Laurent (Centro de Intervenção para o Desenvolvimento Amílcar Cabral – CIDAC)

Tema: “Cabralismo e educação transformadora”

Cabral e Freire, aprendendo a ler e a escrever a vida | Augusta Henriques (Tiniguena)

Educação, emancipação, transformação – “Pensar para agir, agir para pensar” | Cecília Fonseca (Centro de Intervenção para o Desenvolvimento Amílcar Cabral – CIDAC)

Reverberações pedagógicas de Amílcar Cabral no pós-independência: alfabetização e educação para a libertação | Mélanie Toulhoat (Instituto de História Contemporânea da Universidade Nova de Lisboa – IHC-UNL)

Painel V

16:15 -17:15

Apresentação de livro: O Mundo de Amílcar Cabral

Aurora Almada e Santos (Instituto de História Contemporânea/IN2PAST – NOVA FCSH), Nuno Domingos (Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa – ICS-UL) e Osvaldino Monteiro (Universidade de Cabo Verde - UniCV)

Painel VI

Hora: 17:15-17:45

Moderadora: Ackssana Silva (Centro de Estudos sobre África e Desenvolvimento – CEsA-ISEG)

CONFERÊNCIA DE ENCERRAMENTO: “100 anos de Cabral em 50 anos de 25 de Abril: o que nos ensina a história?” | Miguel Cardina (Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra – CES-UC)

17:45-18:00Encerramento

Diretora da CCGB – Rita Ié

Animação cultural

No próximo sábado, 21 de setembro, a cidade de Lisboa será palco da primeira grande Marcha Cabral, um evento organizado para celebrar o centenário de nascimento de Amílcar Cabral, o destacado líder das lutas pela independência da Guiné-Bissau e de Cabo Verde. A marcha, que ocorrerá na emblemática Avenida da Liberdade, pretende homenagear o legado de Cabral e destacar a sua importância na luta anticolonial e na Revolução dos Cravos, que culminou no fim da ditadura salazarista em Portugal.

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O evento, que é uma iniciativa conjunta de vários coléticos e organizações pan-africanistas que constituem o Movimento Negro em Portugal, contará com a participação da Casa da Cultura da Guiné-Bissau. Esta marcha segue uma longa tradição de marchas que se realizam em Cabo Verde em homenagem a Cabral, especialmente na cidade da Praia, há mais de uma década. Desta forma, o evento em Lisboa não é apenas uma celebração, mas também uma inspiração e um sinal de compromisso da diáspora, com a proposta de que se torne uma tradição de luta.

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Os organizadores enfatizam a importância de reconhecer Amílcar Cabral como uma figura fundamental na história contemporânea de Portugal, destacando o seu papel crucial na luta pela independência das colónias africanas e na própria Revolução dos Cravos, que pôs fim à ditadura em Portugal. Consideram que o 25 de Abril tem as suas raízes na resistência africana e que os esforços de Cabral foram decisivos para abrir o caminho para essa transformação política. Por isso, a marcha percorrerá a Avenida da Liberdade — o mesmo local onde, anualmente, milhares de pessoas se reúnem para celebrar o fim do regime salazarista — com o objetivo de afirmar que Amílcar Cabral deve ser lembrado como um dos heróis desse movimento revolucionário.

A marcha pretende ser mais do que uma homenagem; será um grito de resistência contra a fome, a guerra, a miséria, e a injustiça que ainda hoje afetam muitos povos ao redor do mundo. Além disso, a organização sublinha que marchará em solidariedade combativa com os povos do Congo, do Sudão, da Palestina, da Guiné-Bissau, e todas as pessoas que continuam a enfrentar a brutalidade dos poderes racistas, xenófobos, fascistas, patriarcais, afrofóbicos e neocoloniais.

Os movimentos envolvidos também destacam a importância de combater o esquecimento, o apagamento e o silenciamento das vozes dos povos oprimidos e dos seus líderes históricos. “Kolonialista dividi-nu pa konkista-nu, ma Cabral torna djunta-nu,” (Os colonialistas dividiram-nos para nos conquistar, mas Cabral uniu-nos novamente) afirmam, reiterando a importância da unidade na luta contra todas as formas de opressão.

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A concentração para a Marcha Cabral está marcada para as 15h00, no Marquês de Pombal em Lisboa. O percurso seguirá até ao Largo de São Domingos no Rossio.

“Façamos povo!” Juntem-se a nós neste dia histórico para honrar o legado de Amílcar Cabral e fortalecer a luta por justiça e igualdade para todos.

® fotografias: Abigail Indi

A Equipa da CCGB

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