Teve início na última Sexta-feira, dia 1 de novembro de 2024, a segunda edição do Festival Bienal Afro-Portugal em Coimbra, com uma programação rica e diversificada. O festival, realizado de dois em dois anos, destaca artistas africanos/as e afrodescendentes, abrangendo várias expressões artísticas como teatro, música, literatura, cinema, performance, artes visuais, artes sonoras e digitais. Além disso, inclui uma feira do livro, sessões para a infância e atividades formativas para escolas, ensino superior e pós-graduado.
Durante 15 dias, diversos espaços culturais e académicos de Coimbra serão palco de eventos que integram esta programação multidisciplinar. O dia de abertura do festival contou com o debate “As Identidades são um Banquete Móvel”, realizado no Café do Teatro Académico de Gil Vicente (TAGV). Este debate, focado na questão da “identidade na pós-modernidade”, foi moderado por Paula Machava, doutoranda na Universidade de Coimbra, e contou com as participações de Xullaji (músico), Yara Nakahanda Monteiro (escritora), Madalena Bindzi e Maria Lobo (mestrandas na Universidade de Coimbra).
Ainda no primeiro dia, foi inaugurada a exposição de artes visuais “Novos Territórios”, na Casa da Esquina, animada pelo DJ 808xez, e foi apresentada a instalação itinerante “Varal Digital Itinerante – Poemas de Yara Nakahanda Monteiro”, que estará em exibição até 15 de novembro.
Para o segundo dia do festival, destacaram-se a sessão “Inventando Griots” — uma oficina e sessão de histórias com o Coletivo Cont(estas)tórias, liderada por Cláudia Rocha e Marinho Pina — e a conversa com escritores “Inventando Mundos”, moderada por Doris Wiser, docente da Universidade de Coimbra, com a participação de Yara Nakahanda Monteiro, Telma Tvon e Amadu Dafé. O dia encerra com o espetáculo musical “Kanhon di Boka”, com o artista Prétu, no Teatro da Cerca de São Bernardo.
O festival segue com sessões de cinema, teatro, palestras, performances, colóquios, debates e exposições, culminando numa feira do livro, (consultar aqui). As artes e a literatura guineenses estão representadas no evento através das participações do escritor Amadu Dafé; do artista plástico Helénio Mendes, que participa numa exposição coletiva de artes visuais, além de dirigir uma oficina de grafitti; do performer e escritor Marinho Pina e do djidiu Demba Djabate. No cinema de temática guineense, os destaques vão para as exibições de “Skola di Tarafe”, de Filipa César e Sónia Vaz Borges, e “Fogo no Lodo”, de Catarina Laranjeiro e Daniel Barroca.
A primeira edição do Festival Afro-Portugal, em novembro de 2022, intitulada “Contas de Torna-Viagem”, refletiu sobre a memória colonial portuguesa, o racismo e a visibilidade das artes negras. Na edição atual, o foco está na exploração das complexidades dos movimentos de memória e na circulação de identidades, e na imaginação de futuros através das artes negras e aborda temas como anegritude e afrodescendência.
O Festival Afro-Portugal é coproduzido pelo Teatro da Cerca de São Bernardo/Escola da Noite e pelo Teatro Académico de Gil Vicente, com curadoria de Catarina Martins (investigadora e docente na Universidade de Coimbra), Hamilton Francisco (Babu) (artista plástico angolano), Madalena Bindzi (estudante de História da Arte), Marinho Pina (arquiteto e performer guineense) e Yara Nakahanda Monteiro (escritora angolana). O evento conta com o apoio de diversas instituições, incluindo a Cena Lusófona, Casa da Esquina, Casa da Cultura da Guiné-Bissau, Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra e Centro de Arqueologia e Artes da Universidade de Coimbra.
A Equipa da CCGB